Vivendo a Comunhão do Primeiro amor.
"Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele". Apocalipse 2. 4-5.
À Igreja da atualidade o Senhor fala as mesmas palavras proferidas à Igreja de Éfeso, exortando-a à volta do primeiro amor. Aquele mesmo fervor religioso que a levou em seus dois primeiros anos de vida a falar da mensagem libertadora do Senhorio de Cristo não apenas a Éfeso mas, também, a toda a província da Ásia (Ásia menor). O Senhor quer que a Igreja use as mesmas estratégias usadas pela Igreja em seus princípios. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas".
O grande apóstolo Paulo tinha muitas preocupações com o trabalho iniciado a partir de Éfeso, tanto que em seus últimos dias de vida escreve a seu filho amado Timóteo, que se encontrava nessa cidade, exortando-o em muitas coisas, entre as quais:- "torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição de minhas mãos". Reacenda o fogo Timóteo, reacenda o fogo povo de Deus, não deixemos a tocha se apagar.
Havemos de enfrentar muitas oposições nestes tempos finais. Muito em breve seremos proibidos de nos reunir, tempos em que nos encontrarem em casas e às escondidas. As Igrejas que não se prepararem com um programa de pequenos grupos estarão fadadas a desaparecerem, perdendo sua membresia para aquelas que os têm implantado. Serão tempos de aflição, mas também serão tempos da "volta ao primeiro amor", da maior das colheitas de almas que o mundo já assistiu. Serão tempos de preparação da noiva para a volta do Noivo, serão tempos de Filadélfia.
PREFÁCIO
A Igreja de Jesus precisa descobrir a cada dia que as palavras ditas pelo próprio Cristo em Mateus 9:17:- "não se põe vinho Novo em odres velhos. Do contrário, rompem-se os odres, entorna-se o vinho e os odres se estragam. Mas põe-se vinho Novo em odres Novos, e ambos se conservam". A conclusão a que chegamos é: todas as vezes que ignoramos os Seus ensinamentos, falhamos. Enquanto vivemos o Renovar, Ele está formando algo completamente novo. Jesus disse que é impossível colocar Vinho Novo em odres velhos! O plano para as igrejas estagnadas precisa começar com os odres e não com o Vinho Novo. Uma igreja não pode misturar os padrões tradicionais da vida da Igreja com as estruturas de grupos celulares, e ser bem sucedida. É necessário fazer uma transição deliberada. Podemos afirmar que a única esperança para odres velhos é derramar o vinho que eles contém em odres novos, renovando-os, jogando-se fora os recipientes velhos e rotos.
Assim sendo, o desejo do nosso coração é que o material contido nesta apostila possa ajudá-lo a compreender o propósito de Deus para a Sua Igreja neste tempo do fim.
I. INTRODUÇÃO
As duas asas
Tal qual uma ave, também a Igreja necessita de duas asas para voar. A primeira é a asa dos pequenos grupos caseiros, das células, chamada de asa comunitária. Esta asa trabalha no varejo alcançando as pessoas lá onde elas convivem umas com as outras no cotidiano.
A outra asa, igualmente importante, é chamada de asa da celebração, da reunião dos pequenos grupos no grande grupo da celebração semanal. Ela trabalha no atacado, nas grandes colheitas. Os recém-nascidos são abrigados e amamentados no calor dos berços dos grupos caseiros. Ali aprendem a falar e a caminhar, recebem os cuidados ternos até se tornarem jovens aptos a serem também novos pais para cuidarem com carinho dos nossos netinhos.
As duas asas para alçarem grandes vôos necessitam de uma perfeita harmonia. Durante cerca de 1.700 anos a Igreja tentou alçar vôos com uma só asa, mas ficou girando em círculos. Mas, pela graça de Deus, hoje podemos novamente alcançar as alturas, as regiões celestiais propostas por Ele, pois as portas do inferno não nos resistem, de lá libertamos os cativos e oprimidos para serem remidos pelo sangue do Cordeiro, Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador.
Trabalhos de impacto
Todo servo de Deus, realmente chamado e comissionado para trabalhar na sua seara, tem o desejo ardente de ver o crescimento do Reino através de vidas ganhas, arrebatadas das mãos do "inimigo". Para isso muitos trabalhos de impacto têm sido realizados, grandes séries de conferências com "pregadores famosos", distribuição farta de literaturas, campanhas e mais campanhas visando ganhar um grande número de almas em duas ou três noites. A avaliação dos resultados feita no calor dos acontecimentos tem gerado resultados aparentemente expressivos. Grande número de pessoas atende os "apelos" do pregador. Após algum tempo, verifica-se que a primeira avaliação não correspondia à realidade final. O número daqueles que permaneceram fiéis, mantendo um compromisso sério com Cristo, é pequeno. Temos observado serem quase sempre as mesmas pessoas que vão à frente na hora dos apelos e isso nas diversas Igrejas de uma mesma cidade. Já se estimou a percentagem em menos de 5% dos frutos reais desses trabalhos de massa, às vezes um pouco melhorada com trabalhos de discipulado nos lares.
Trabalhos em massa e grandes campanhas têm o seu valor, como teve no dia de Pentecostes quando cerca de 3.000 almas foram salvas, permanecendo fiéis com números próximos a 100%. Havia algo de muito especial que a grande maioria das Igrejas hoje não coloca em prática, algo esse verificado no ministério de Jesus.
O impressionante crescimento inicial da Igreja.
Em tudo o Senhor Jesus foi exemplo para nós nos 3,5 anos de seu ministério terreno. Ele mesmo liderou um pequeno grupo com 12 homens do povo, ensinando-os e passando com eles a maior parte do tempo de seu ministério terreno. Havia comunhão naquele pequeno grupo, os problemas que surgiam eram expostos e resolvidos, havia transparência entre eles. Os doze não aprendiam na base da teoria, experimentavam na prática as lições do dia a dia. Esse pequeno grupo foi a primeira célula (célula protótipo). Além dos doze, muitas outras pessoas foram alcançadas, havendo cerca de 120 pessoas no Pentecostes; Cada discípulo foi multiplicado por 10. Os judeus já estavam preparados, pois tinham ouvido os ensinamentos, visto os sinais e maravilhas operadas, estavam evangelizados. Deste modo vemos os 3.000 do Pentecostes como uma grande colheita operada por homens cheios do mesmo Espírito que habitou em Jesus.
O prosseguimento dessa obra resulta em uma Igreja constituída essencialmente de pequenos grupos ou igrejas caseiras. Reuniam-se nas casas e no templo dos judeus, no templo apenas até a morte de Estêvão, somente em pequenos grupos até meados do III século DC.
Em tempos de perseguição dos líderes judaicos a princípio e do império romano depois, foi praticamente impossível aos cristãos se reunirem em massa, em grandes ajuntamentos. Cremos que em certas ocasiões isso acontecia, quando das visitas de Paulo, dos apóstolos e outros líderes. No cotidiano se reuniam apenas em lares, quase sempre às escondidas, sendo perseguidos, servindo de espetáculo nos circos romanos, vivendo nas catacumbas, florestas e lugares ocultos. Mas a Igreja crescia em números impressionantes, tanto que o próprio império romano aparentemente foi obrigado a se curvar ao cristianismo. Aí satanás mudou sua estratégia contra a obra redentora de Jesus.
O império romano curva-se ao Cristianismo, ou foi o inverso?
Só nos tempos de Constantino, imperador de Roma, no século III DC é que os templos vão ser construídos e, pouco a pouco, as festas, costumes e deuses pagãos foram "cristianizados" tornando-se o "cristianismo" religião oficial do império. A partir daí novas práticas de culto foram introduzidas e a igreja "romanizada", perdendo a cada dia suas características neotestamentárias. São criados o clero e as liturgias, já não era a mesma Igreja de Jerusalém. Surge aí a "Igreja Romana".
Nos dias em que a Igreja chamada "cristã" perde sua verdadeira identidade, prostituindo-se com os ídolos e práticas greco-romanas (Idade Média), os pequenos grupos ainda são encontrados através da história (montanistas, valdenses, lolardos, anabatistas, e outros), permanecendo fiéis, embora marginalizados, e agora perseguidos não apenas pelo Império, mas também pela religião oficial e seu clero. Reuniam-se em montanhas, florestas e cavernas onde muitos viviam perseguidos, massacrados e aniquilados, "homens dos quais o mundo não era digno". Não se curvaram a homens, preferindo antes obedecer a Deus.
A reforma começa com pequenos grupos
A reforma religiosa iniciada por Martinho Lutero e prosseguida por outros reformadores começa com pequenos grupos nos lares. O próprio Lutero disse:- "Para você crescer na fé, você deve participar de um grupo pequeno". Os pietistas, um grupo luterano, reúne-se até hoje em pequenos grupos. Wesley também inicia o metodismo em reuniões caseiras. As Igrejas reformadas, entretanto logo se agruparam em templos onde praticamente todas as reuniões passaram a se realizar. Não conseguiram livrar-se de algumas tradições. Não negamos o valor real e histórico desempenhado até hoje pelas Igrejas Protestantes, mas o mundo todo já teria sido alcançado pelo evangelho se o modelo da Igreja Iniciante houvesse sido restaurado fielmente.
Os pequenos grupos sobrevivem ao comunismo.
Ainda na antiga União Soviética (Rússia, Polônia, Hungria, Letônia, etc.) e até hoje na China, com a proibição de reuniões religiosas pelo regime comunista, os crentes se reuniam nos porões das casas em pequenos grupos (Igrejas Caseiras ou Células, "a Igreja Subterrânea"). Hoje a China, mesmo sob o comunismo, é o país de maior crescimento numérico do evangelho apenas e tão somente através das Igrejas Caseiras. Estima-se o número de evangélicos em 150 milhões, número parecido com a população de nosso país.
Atualmente podemos voltar a crescer rapidamente.
No presente século, principalmente após os anos 50, muitos líderes preocupados com o crescimento real do reino de Deus, passaram a estudar, sob a orientação do Espírito Santo, com mais carinho a Igreja em seu início neotestamentário para conhecerem o segredo de seu rápido crescimento.
Jerusalém alguns anos antes de sua destruição pelo império romano no ano 70 contava com cerca de 50% de sua população convertida (quando da destruição os cristãos já haviam dela saído), e em toda a Judéia havia então cerca de 100.000 cristãos. Antes do final do primeiro século praticamente todo o mundo conhecido já tinha ouvido o evangelho. Convém lembrar que os meios de comunicação e locomoção eram muito precários quando comparados com os atuais. Também não existiam seminários teológicos, aprendia-se na prática do dia a dia, o barulho era extremamente controlado, nem mesmo contavam com o Novo-Testamento (os evangelhos e as cartas foram endereçados às Igrejas-Caseiras ou a seus líderes). Hoje nós temos tudo isso e é claro que devemos usá-los enquanto podemos. No entanto, a Igreja-Iniciante reunindo-se em lares gozava da comunhão do primeiro amor, do poder do Espírito Santo e da compaixão pelas almas perdidas, e isto fazia e faz até hoje a diferença.
O tempo dos "grandes servos" de Deus, das "estrelas", dos "chefões" e "gurus", já era. Temos presenciado os movimentos liderados por "grandes evangelistas" fracassarem, não se achando os seus frutos reais. O verdadeiro evangelista é aquele que vai de casa em casa, de pessoa em pessoa, individualmente, levando o evangelho de Jesus Cristo com a mensagem de salvação e libertação.
Jesus continua a dizer: "A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara" (NVI - Mateus 9.37 e 38). Além de rogarmos, nós devemos dar oportunidades reais para que os ceifeiros trabalhando colham frutos em abundância na seara do Mestre.
É tempo de servos do grande DEUS, SENHOR de nossas vidas, a quem toda honra, glória e louvor para todo sempre, Amém!
Que Deus te abençoe.
Pastor Marcelo Cunha